martes, 28 de novembro de 2006

Cesariny

Domingo morreu en Lisboa o pintor e poeta surrealista Mário Cesariny de Vasconcelos aos 83 anos. O Presidente da República, que provavelmente non leu un só verso de tan incómodo señor, refere que o nome e a obra de Cesariny "ficarão na memória como um testemunho da liberdade que apaixonou a sua geração e que é condição essencial de toda a obra de arte", e blablá.
Na miña memória, por contra, ficará como autor dunha paródia belísima que eu adoitava recitar-lle á miña filla pequeniña cando non queria dormir, e que aqui cópio, en homenaxe.

Era hua vez dez meninas
de hua aldeia muito probe.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão nove.
Era hua vez nove meninas
que só comeam biscoito.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão oito.
Era hua vez oito meninas
em terras de dom Esparguete.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão sete.
Era hua vez sete meninas
lindas como outras não veis.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão seis.
Era hua vez seis meninas
em landas de Charles Quinto.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão cinco.
Era hua vez cinco meninas
em um triângulo equilatro.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão quatro.
Era hua vez quatro meninas
qu'avondavam só ao mês.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão três.
Era hua vez três meninas
em o paço de dom Fuas.
Deu o trangolomanglo nelas
não ficaram senão duas.
Era hua vez duas meninas
ante um home todo espuma.
Deu o trangolomanglo nelas
transformaram-se em só uma.
Era hua vez uma menina
terrada em coval mui fundo.
Deu o trangolomanglo nela
voltaram as dez ao mundo.

2 comentarios:

X dixo...

:)

Tongzhi dixo...

Já nem me lembrava dessa "lenga-lenga". Aprendi-a na escola.
Foi tão bom recordar...